Engravidei com 39 e pari com 40 anos. Quando decidi liberar para engravidar, estava tranquila em relação ao processo. Tinha 38, quase 39 anos. Sabia do risco de infertilidade.
Quando uma mulher nos procura para engravidar nessa idade, temos uma conduta ativa, no sentido de investigação de fatores relacionados à infertilidade. Normalmente o espermograma e a avaliação da permeabilidade das trompas são realizados. A depender dos resultados, já indicamos reprodução assistida.
Eu optei por não realizar nenhuma investigação. E também que não faria qualquer tratamento. Estava tranquila que se a gravidez e a maternidade acontecessem seria ótimo, um plus em minha vida. Mas se não acontecesse, eu não dependia dela para ser feliz. Meu sentimento de completude não dependia disso. Uns dois meses antes de engravidar, ainda pensei: “é isso mesmo? Sem investigações e tratamentos? Pois não dá pra voltar atrás.” E a resposta interna foi sim. Vou deixar acontecer. E aconteceu. Hoje tenho um lindo filho de 8 anos!
Quando tinha 34 anos era contratada do setor de reprodução humana, no HC-FMRP-USP. Na época o congelamento de oócitos ainda era uma tecnologia inicial. Poderia ter realizado, pela facilidade de estar num serviço de reprodução assistida, mas escolhi não fazer. Se naquela época, já fosse uma tecnologia bem estabelecida como é hoje, acredito que teria realizado. Mas consciente que o congelamento aumentaria as chances de uma gestação futura, mas não seria garantia de sucesso nesse quesito.
Não estou dizendo pra ninguém fazer o que eu fiz. Aqui não existe certo ou errado. Existe uma decisão consciente. E algumas perguntas são importantes:
- Pra que quero ter filho(s)? (para essa reflexão, em especial, indico a leitura do livro Amar e ser livre – Sri Prem Baba)
- Qual a importância da maternidade em minha vida? É algo fundamental?
- Quantos filhos desejo ter?
- Com que idade penso em ter filho(s)?
- Teria filho(s) de forma solo?
- Teria filho(s) através de óvulos doados?
Essas perguntas devem pautar o processo de decisão das mulheres em relação à maternidade, em relação a quando liberar para engravidar e também sobre se realiza ou não o congelamento de oócitos. Se pra mim a vivência da maternidade fosse uma experiência fundamental, teria investigado e realizado tratamento, se necessário. Mas este não era o meu sentimento. Pra você, essas respostas podem ser muito diferentes da minha.
De toda forma, vale pensar sobre elas o quanto antes. Pois sim, nossa fertilidade cai ao longo da vida e podemos nos arrepender futuramente de não termos investido em nossos desejos.